Evitar a subida do desemprego e diversificar as exportações são desafios do novo ministro.
Vieira da Silva passou de uma trincheira para outra. É certo que já não terá de lidar directamente com a escalada dos números do desemprego. Mas em tempo de crise, é como se tivesse subido na cadeia de produção de desempregados. Agora terá de enfrentar o problema a montante, junto das empresas, em vez de lidar com os efeitos a jusante. Este será o principal desafio a enfrentar, mas há pelo menos mais nove.
1. Despedimentos colectivos
Na quarta-feira, a Delphi anunciou o despedimento colectivo de 500 pessoas em Portugal. Mas a fabricante de cablagens automóveis não foi a única empresa a despedir funcionários nos últimos meses. Segundo a Direcção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho, o número de despedimentos colectivos nos primeiros nove meses do ano aumentou 39% face ao mesmo período de 2008. De acordo com a mesma entidade, no mesmo período foram iniciados processos de despedimento colectivo em 264 empresas, visando o despedimento de 3.828 pessoas.
2. Resolver o problema da qimonda
O dossier da emblemática fábrica de Vila do Conde, que já foi a principal exportadora nacional, vai passar agora para a alçada do novo ministro da Economia. Vieira da Silva terá de prosseguir os esforços levados a cabo durante o último ano, especialmente durante o mandato de Manuel Pinho, de forma a impedir que o ‘know-how', a tecnologia e os postos de trabalho da empresa não desapareçam de Portugal para sempre.
3. Inverter o colapso das exportações
Em Setembro do ano passado as exportações ainda estavam a crescer 4%. A crise mostrou que era sol de pouca dura e que Portugal não ficaria imune ao maior tumulto económico desde a Segunda Guerra Mundial. Uns meses depois, em Fevereiro, a quebra nas exportações portuguesas atingiu os 30%. Desde então o ritmo das perdas tem vindo a diminuir, mas continua acima dos dois dígitos: em Agosto as exportações diminuíram 15,4%. Dar condições às empresas para voltar a exportar será um dos objectivos do novo ministro.
4. Diversificar mercados e produtos
A economia precisa de ganhar mais resistências. Embora as empresas tenham feito já algum esforço de diversificação de mercados e de produtos, ao mesmo tempo que tentam aumentar a sua competitividade, os factos mostram que os resultados são ainda insuficientes. A União Europeia, com Espanha à cabeça, continua a desempenhar um papel fundamental, absorvendo 72,2% do total dos bens e serviços expedidos. Os emergentes são um bom mercado de refúgio, como Angola tem mostrado, mas não chega.
5. Combater o défice da balança comercial
Nos últimos meses, a crise tem dado uma espécie de falsa ajuda ao défice da balança comercial. Como a crise refreou o consumo interno, as importações estão a cair mais do que as exportações, levando a uma contracção do défice. Contudo, assim que a economia recuperar, é de esperar que as importações voltem a crescer, alimentando o desequilíbrio comercial. Para contrariar de forma sustentável o problema é preciso que as empresas portuguesas se tornem mais produtivas.
6. Aumentar a eficiência energética
As energias renováveis têm sido uma aposta de José Sócrates e é de esperar que o novo ministro da Economia queira continuar o desafio. O objectivo é aumentar a eficiência e reduzir o défice energético, substituindo as importações.
7. Manter e atrair investimento directo estrangeiro
A manutenção do actual nível de Investimento Directo Estrangeiro (IDE) e a atracção de novos investimentos serão prioridades do novo ministro. O caso da Autoeuropa, cuja permanência em Portugal durante a próxima década está dependente da vinda de um novo modelo para a fábrica de Palmela, é um dos casos mais emblemáticos de IDE a preservar.
8. Amparar o sector do turismo
A crise ditou um ano mau no turismo, com quedas acentuadas no volume de negócios do sector. É preciso amparar as empresas saudáveis e preparar o terreno para as dificuldades que se adivinham: a libra tem vindo a perder valor face ao euro, arrastada pelo mau desempenho do dólar. É de esperar que os turistas ingleses, que alimentam muitos dos hotéis portugueses, continuem a cortar nas férias para países da zona euro, onde a moeda está cara.
9. Resolver desequilíbrios no comércio interno
As regras do consumo, os licenciamentos dos centros comerciais e o equilíbrio face ao comércio tradicional são problemas com que Vieira da Silva também terá de lidar. Um dos desafios será amparar algum excesso de capacidade instalada no sector dos serviços, que se revela problemática em tempo de crise.
10. Simplificar e reduzir custos de contexto
É um trabalho que já tem vindo a ser desenvolvido, sob tutela da Presidência do Conselho de Ministros, mas para o qual a pasta da Economia deverá contribuir. Uma das batalhas que ainda é preciso vencer é simplificação dos processos de licenciamento, reduzindo a papelada e os tempos de espera.
Fonte: Economico
sexta-feira, 23 de outubro de 2009
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