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sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Prestação da casa já caiu 360 euros por mês em apenas um ano

As famílias e empresas com empréstimos indexados às taxas Euribor continuam sentir o efeito benéfico da queda abrupta destas taxas de mercado. Um empréstimo de 150 mil euros, a 30 anos, indexado à Euribor a seis meses, e com umspread (margem do banco) de 0,7 por cento, com revisão a acontecer em Outubro, vai passar pagar uma prestação de 535,06 euros. Há um ano, o mesmo empréstimo pagava 898,65 euros, ou seja, mais 363,59 euros mensais.


O "milagre" que as famílias vêm sentindo à mediada que os contratos de empréstimo são revistos - ao trimestre, ao semestre ou a um ano - é explicado pela queda das taxas Euribor, que no espaço de um ano já caíram 80 por cento. A média mensal da Euribor a seis meses, a mais utilizada no crédito à habitação em Portugal, caiu de 5,219 por cento em Setembro de 2008, para 1,039 no mês que ontem terminou.

Desde que a Euribor foi criada, em Janeiro de 1999, nunca estas taxas estiveram tão baixas, o que significa que os encargos com juros também estão em mínimos históricos. Os empréstimos recentes beneficiam da descida das taxas, mas são agravados com spreads mais levados, praticados pela generalidade dos bancos.

A Euribor a seis meses está praticamente encosta a um por cento, que é a taxa de referência do Banco Central Europeu (BCE), ou seja, a taxa que serve de base aos empréstimos concedidos aos bancos da zona euro.

A queda da Euribor é generalizada aos restantes prazos. A Euribor a três meses, que há muito quebrou a barreira de um por cento, fechou Setembro com uma média de 0,768 por cento. A média desta taxa estava em 5,019 por cento em Setembro do ano passado.

A Euribor a 12 meses, um prazo menos utilizado em Portugal, ao contrário de Espanha, fechou Setembro com uma média de 1,257 por cento.

Apesar da forte queda das taxas Euribor - fixadas diariamente a partir das operações de empréstimo que um conjunto alargado de bancos está disponível para fazer entre si -, a redução das prestações dos empréstimos começa a ser menor. Isto porque a prestação mensal corresponde a uma parte de juros, a maior fatia, e a outra de amortização de capital, que é menor, mas que não sofre alterações em função da variação dos juros.

Em Abril deste ano, um empréstimo de 150 mil euros, com as características da operação já descrita no início do texto, correspondia a uma prestação de 590,73 euros. Apesar da descida considerável da taxa que serve de base ao empréstimo entre Abril e Setembro - 1,775 por cento para 1,039 por cento -, a redução da prestação é de apenas 55 euros.

As taxas Euribor continuam a evidenciar uma tendência de descida ligeira ou estabilização, o que se poderá manter por mais alguns meses.

Os dados económicos recentes (ver caixa na página ao lado) não dão margem para uma subida das taxas por parte do BCE, o que a acontecer teria reflexos nas Euribor, ou melhor, seria antecipado pelas taxas de mercado.

Apesar de alguma estabilização na economia dos países da zona euro, esta ainda não é suficiente para garantir que se irá verificar uma retoma forte e duradoura da actividade económica. Aliás, ontem, o BCE, revelando a sua preocupação com o estado anémico da economia europeia, anunciou que vai conceder empréstimos no montante de 75,2 mil milhões de euros, a 12 meses, sem spread, ou seja, os bancos vão pagar um juro de um por cento. Isto significa que o BCE está a admitir que o preço do dinheiro não terá uma variação significativa no espaço de 12 meses.

Ao mesmo tempo, os dados da inflação continuam a dar sinais de que não há margem para subir as taxas de juro. Os preços na zona euro caíram 0,3 por cento em Setembro face a igual mês do ano passado, segundo a estimativa divulgada ontem pelo Eurostat, o serviço de estatística da União Europeia. Este valor representa um ligeiro agravamento da tendência de queda de preços iniciada em Junho na zona, face aos -0,2 por cento registados em Agosto.

Setembro foi assim o quarto mês com inflação anual negativa na zona euro (é assim que o Eurostat designa a variação de preços face ao mesmo período do ano anterior), depois de valores de -0,1 em Junho, -0,7 em Julho e -0,2 em Agosto. Em Maio, a inflação anual já tinha sido de 0,0, o que significa que o nível médio de preços foi o mesmo de Maio de 2008.

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